Trajecto
A aventura começa em Hoogly, junto a Calcutá, na Índia, de onde partiram os padres Estêvão Cacela, João Cabral, a 2 de Agosto de 1626, vestidos de soldados, para melhor passarem despercebidos.
Em Bandel, bairro de Hoogly, cidade fundada pelos portugueses, Joaquim visita a Igreja Portuguesa de Nossa Senhora da Viagem, datada de 1599, e conversa com o pároco local.
O próximo destino é Daca, no Bangladesh. Numa tentativa de sentir o ambiente Setecentista em terras de Bengala, Joaquim deambula pelos mercados do bairro antigo de Daca e nas margens do rio, apreciando o movimento das pessoas e das embarcações.
A viagem dos jesuítas rumo ao reino do Cocho foi feita pelo Bramaputra e seus afluentes, rio acima, numa embarcação de tamanho considerável. Os padres transportavam vários objectos: os necessários presentes sem os quais nada se podia fazer. Os rios eram as principais estradas da época.
O terceiro destino é Gauwathi, capital da província de Assam, na Índia. A actual Hajo, local de peregrinação para três confissões religiosas – budismo, islão e hinduísmo – era então a sede do senhor de Cocho (Cooch Behar). Os padres portugueses foram hóspedes de um rajá local, que os levaria mais tarde à presença do rei do Cocho. O famoso Bir Narayan recebeu-os com pompa e concedeu-lhes salvos condutos que lhes franqueariam as portas do Reino.
A próxima etapa é feita por terra, de Gauwathi a Cooch Behar, onde se situa o palácio dos antigos senhores do reino do Cocho.
A entrada dos jesuítas portugueses no Butão foi feita pela fronteira de Rangamati. Munidos das devidas autorizações de viagem e um cavalo que lhes transportava a bagagem, as dificuldades da jornada foram imensas. Defronte deles estavam montanhas altíssimas e vales muito profundos. Ao fim de vários dias de caminhada avistaram a aldeia de Rintam. Ali residia um lama que, previamente informado da chegada dos exóticos personagens, e a mando do rei do Butão, os conduziu a Paro, capital do reino.
Joaquim conta com a ajuda de um guia local, Sangai Dorji, que está bem informado acerca da viagem dos nossos jesuítas.
Cacela e Cabral ficaram maravilhados com o vale de Paro. Também a arquitectura local, assim como o peculiar ordenamento urbano, os impressionou.
Para ouvir a versão local dos factos a sua visita, Joaquim visita à Biblioteca de Thimpu, actual capital do país. o director da instituição, Dr. Yonten Dargye, alerta para o muito que há fazer em termos de investigação das relações históricas entre Portugal e o Butão. Falta fazer um estudo aprofundado das fontes butanesas e da tradição oral do país.
Joaquim visita ao mosteiro-fortaleza de Punakha, um dos edifícios mais imponentes do Butão, prosseguindo viagem até ao mosteiro de Chagri, o primeiro local onde os jesuítas foram recebidos pelo monarca, tendo-lhe estes oferecido armas, pólvora e um telescópio. Aí residiram, estudaram a língua local e tiveram autorização para difundir a fé cristã entre os butaneses. Esse é um local de meditação para os monges e destino de eleição para os inúmeros peregrinos que ali rumam ao longo do ano.
Joaquim visita ainda um templo-mosteiro onde, segundo a tradição local, terá funcionado uma igreja católica.
Joaquim decide rumar a uma das zonas mais remotas e montanhosas do país, já na proximidade do Tibete. Toda a região de Gaza está associada ao rei-lama Shabdrung, que por ali passou aquando o seu exílio forçado do Tibete Central. Essa poderá ter sido a rota utilizada por Estevão Cacela e João Cabral quando partiram para o Tibete, se bem que pudessem ter enveredado, pelo menos, por dois outros caminhos que conduzem ao Tibete.
Ouça a Entrevista de Joana Perez da RDPi