Comunidade lusodescendente do Myanmar sob ataque
Um novo massacre de Santa Cruz em perspectiva!
É com profunda consternação que a Associação Internacional dos Lusodescendentes vem tomando conhecimento das atrocidades cometidas pela Junta Militar de Myanmar (desde o Golpe de Estado de 01 de fevereiro de 2021) contra a minoria católica lusodescendente, os ditos Bayingyis, que totaliza várias dezenas de milhares de pessoas.
Seguindo a onda de violência que vem varrendo o país, os militares começaram as agressões a duas das maiores aldeias Bayingyi no passado dia 21 de dezembro de 2021. A aldeia de Chaung Yoe foi visitada nesse dia por um grupo de soldados, que, face à fuga dos habitantes, saqueou as habitações sem qualquer resistência. Seguiram-se três ataques: o primeiro a 25 de fevereiro, o segundo a 28 de março e, mais recentemente o terceiro, a 20 de maio. Ao todo, mais de 300 casas foram destruídas à bomba, sendo que, neste momento, apenas 20 permanecem intactas. O ataque a Chan-tha-ywa deu-se a 10 de janeiro de 2022 quando os soldados tomaram toda a aldeia, saqueando as habitações, abatendo todo o tipo de animais domésticos e aprisionando doentes e idosos que não puderam fugir. Três pessoas foram assassinadas a tiro. A 06 de maio de 2022, os soldados voltaram a Chan-tha-ywa tendo incendiado 22 casas e destruído as respectivas colheitas.
Devido a esta repressão brutal, milhares de Bayingyis tornaram-se refugiados, encontrando-se agora distribuídos por aldeias vizinhas ou nos complexos das organizações religiosas. O suprimento de alimentos, medicamentos, apoio financeiro e moral são extremamente necessários a quem perdeu tudo e não tem qualquer tipo de segurança quanto ao que lhes reserva os próximos meses. É através da Igreja que poderão receber esse apoio, pelo que quaisquer donativos devem seguir exclusivamente via Arquidiocese de Mandalay, a única instituição com capacidade para chegar às populações e em condições de dialogar com as forças do regime.
A Associação Internacional dos Lusodescendentes está a acompanhar os desenvolvimentos desta barbárie com Joaquim Magalhães de Castro, Director-Geral Ásia/Pacífico da Associação Internacional dos Lusodescendentes, que conhece bem esta comunidade e há décadas tem vindo a divulgar a sua existência, seja com artigos publicados nos media, livros, documentários ou exposições fotográficas. Urge agora alertar as nossas entidades públicas e a comunidade internacional para as atrocidades cometidas e tomar as medidas necessárias para tentar travar o processo genocida em curso.